domingo, 10 de março de 2013

Coffee Shops, o consumo controlado

Boa tarde a todos, cof, cof!

O tema de hoje é polêmico, mas não pode faltar quando o assunto é Holanda. Sim, estou falando acerca da Cannabis – maconha, para simplificar. Na verdade, o foco do post não é esse, mas sim os coffeeshops. Todavia, há uma ligação indissociável entre os dois itens. Desde 1976 há estabelecimentos desse tipo em território holandês. Atualmente, somam mais de 700 em todo o país. Cerca de 40% estão em Amsterdã, a capital.


A Holanda não libera o uso de maconha/haxixe, contudo o tolera, pois ainda classificam tais drogas como “fracas”. Os coffeeshops são espaços formulados exatamente para essa prática. Assim, apesar de algumas pessoas fumarem nas ruas, essa não é a postura esperada.

Critérios devem ser cumpridos pelos proprietários, como:

  • São permitidos 5g diários por pessoa;
  • Não é permitida a venda de outras drogas e de bebidas alcoólicas no estabelecimento. Quando há cerveja, ela não possui álcool;
  • Deve-se mostrar o documento de identificação;
  • Apenas maiores de idade podem comprar e usar;
  • Deve haver uma distância mínima entre os estabelecimentos e as escolas.
É possível que haja mais exigências, mas essas são as que descobri, ao conversar com os nativos. O governo queria proibir a venda da erva para turistas, objetivando o fim do “turismo de drogas”. Cada estabelecimento iria cadastrar até 2 mil clientes (nativos ou residentes legais) e, somente esses, poderiam frequentar a loja. Apesar das incessantes discussões ainda existentes, essa lei “não pegou”, pelo menos em Amsterdã. Na visão dos meus amigos nativos – inclusive, não usuários, é melhor deixar como está, pois a proibição faria com que a criminalidade aumentasse, uma vez que os turistas buscariam outras maneiras de obter a droga, como por meio de traficantes que não exigem documentos e que vendem para menores de idade. 

Você pode adquirir o cigarro pronto ou optar por montá-lo, dessa forma você compra a própria erva. A seda (para enrolar) fica disponível gratuitamente no balcão. Montar o que irá fumar é muito comum na Europa, já que o preço do cigarro é bastante elevado em vários países do continente.

Apesar de não fumar/gostar, visitei algumas lojas para vivenciar a cultura local – parei por mais tempo no coffeeshop EXTASE, ao lado do Red Light District. Acho importante conhecer a alteridade sem uma ótica preconceituosa e imutável, embasada somente em nossa realidade. É simples, não gosto, não fumei, mas visitei. A escolha é individual e, ninguém tem nada a ver com a sua vida.


A lista de opções é extensa: BullDog (o mais antigo, desde 1975), Greenhouse (bastante premiado), 420 (charmoso, nome sugestivo), Barney's Uptown (público mais selecionado, chique), Dampkring (nele foi filmado uma cena de Doze Homens e Outro Segredo, com as participações de Brad Pitt e Geoge Clooney), BABA (sempre lotado)...

Vamos falar um pouco da variedade de produtos encontrados nos coffeeshops? Há bolo, brownie, energético, pirulito, chiclete, bala, licor, cerveja... São infinitas opções, para todos os gostos. Provei – no EXTASE - uma fatia de bolo (o famoso Space Cake – deu uma ondinha leve, mas falam que é mágico, o efeito varia conforme o organismo). O bolo é verde e simples, o gosto é bom, mas nada especial. Extraordinário mesmo só o preço, paguei cerca de 5 euros por uma fatia.


O pirulito custa cerca de 1 euro e tem um gosto menos agradável, algo parecido com terra ou capim. Ele também pode ser comprado em inúmeras lojas de souvenirs espalhadas pela cidade, como ocorreu no meu caso. Provei algumas marcas, o paladar não compensa, só a experiência.


É bacana diferenciar três modalidades de estabelecimentos encontrados em Amsterdã (até para ninguém pagar mico):
(1) Coffee Shops: locais para compra e consumo de maconha e haxixe, basicamente;
(2) Seed Shops: vendem livros, sementes, equipamentos para o plantio;
(3) Smart Shops: vendem substâncias psicoativas, como cogumelos, por exemplo.


Em relação ao preço das ervas e cigarros, não posso ajudar com precisão, pois o mote da minha viagem era outro, assim não me atentei. Caso queiram algumas informações mais detalhadas, há um guia, “Smorkers Guide”, encontrado em bancas, lojas de souvenirs ou nos próprios coffeeshops. Fato curioso é o Cannabis Cup, uma espécie de campeonato para eleger o Coffee Shop que comercializa os produtos com melhor qualidade – são várias categorias distintas.


Caso alguém se interesse, em Amsterdã, assim como em Barcelona, há o “Hash Marihuana & Hemp Museum”. Aberto de 10:00h até 23:00h, em Oudezijds Achterburgwal. A entrada custa 9 euros, mas não há nada de fenomenal. Creio ser uma visita descartável, em meio a uma cidade tão linda, repleta de canais, cultura, van Goghs, Rembrandts... Vá se houver tempo de sobra.

Só não pensem em transportar plantinhas pelo aeroporto, hein. Afinal, os aeroportos da Holanda não são bem monitorados, mas os que recebem voos de lá sim.

*Sempre confira os horários e preços com exatidão chegando ao destino, eles podem sofrer alterações.

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